O Clube e sua História
Uma chácara, distante da cidade, com apenas duas casinhas. Muitas árvores, sapê, nascentes, e mais nada. Nem vias de acesso possuía. Em dias de chuva, impossível chegar.
Você deve estar pensando: o que alguém faria em um lugar desses? Bom, inicialmente, um grupo chamado Mesc, muito respeitado e valorizado em São Bernardo, costumava se reunir nesse local para fazer churrascos, feijoadas, jogar conversa fora...
Isso quando buscavam o lazer. Pois além de trabalharem e, conseqüentemente, ajudarem no crescimento dessa cidade, realizavam trabalhos voluntários, sempre com o intuito de ajudar a Igreja e os mais necessitados.
“Lembro que pegávamos um caminhão e saíamos rodando pela cidade pedindo por doações. Todo mundo colaborava”, lembra Alfredo Todesco.
Os primeiros encontros aconteceram na Igreja Matriz. Até que um dos fundadores, Attilio Zoboli, cedeu um dos andares do prédio que estava construindo para servir de sede ao Mesc.
“Foi onde elegemos a primeira diretoria e fundamos o Mesc”, afirma Zoboli. “A sede estava tomada de famílias, inclusive, com a presença do prefeito Lauro Gomes, do Padre Pedro Celloto e do Bispo Dom Jorge”.
Após essa sede no centro de São Bernardo, os encontros voltaram a acontecer na Matriz, em um salão construído com colaboração do Mesc. Mas o local ficou pequeno para tamanho grupo e tantas atividades. Buscando alternativas, representantes do Mesc foram falar com o prefeito Lauro Gomes. Queriam um lugar para os encontros.
“A Chácara Beatriz pode virar um clube”, falava Alfredo Todesco, tentando convencer os outros integrantes do Mesc. Temiam perder o espaço que já tinham como uma segunda casa. A prefeitura começara a implantação de vias de acesso, e dos 144 mil m2 iniciais, passaram para 109.
“Se virarmos um clube, dificilmente a prefeitura vai tirar o terreno de nós”, insistia Todesco, que começou a ouvir algumas vozes de apoio, que diminuíram assim que souberam: precisariam convencer o padre.
“Fui falar com o padre, com o bispo, mas não estava conseguindo convencer ninguém”, lembra Todesco. “Mas acho que de tanto insistir, e mostrar o quanto o Mesc poderia crescer, acabaram cedendo”.
Foram 11 onze anos, desde a fundação até o dia em que o estatuto foi mudado. “O primeiro não citava a prática esportiva, e nós queríamos começar a participar de campeonatos”, recorda Todesco. “Então nos baseamos nos estatutos de outros clubes já formados, conseguimos a aprovação da Federação Paulista de Bocha e viramos um clube de campo”.
A manutenção, antes voluntária, passou a ter um valor determinado. Cercou-se o clube, construíram um campo de futebol e a piscina. Foi o início do crescimento.
“Os prefeitos viam um grupo de pessoas bem intencionadas, querendo crescer, então colaboravam. O Tito Costa e o Aldino Pinotti ajudaram na construção do muro e do campo de futebol. o Geraldo Faria Rodrigues ajudou a custear a primeira piscina que construímos aqui”, reconhece Todesco.
“Onde hoje é a Praça 20 de Fevereiro nós havíamos construído o primeiro quiosque. Era onde fazíamos as feijoadas e churrascos. Como a cobertura era de sapê, tínhamos de cuidar para as folhas não caírem em cima da comida”.
Alfredo Todesco, ex-presidente do Mesc
“O emblema e distintivo do Mesc foram escolhidos em concurso. Vários trabalhos foram apresentados. Uma comissão analisou cada um, optando pelo de Reinaldo Marques”.
Ademir Médici, em sua coluna Memória, publicada no Diário do Grande ABC, em 1998.
“Como o Mesc tinha muitos eucaliptos, e a prefeitura estava precisando para construir pontes, fizemos uma permuta. Eles vinham retirar as árvores, e em troca, cediam os paralelepípedos que estavam substituindo por asfalto nas ruas para construirmos os tanques, que usávamos como piscina”.
Alfredo Todesco, ex-presidente do Mesc
“A bocha foi o primeiro esporte inscrito na federação. Foi a primeira modalidade que disputou torneio e campeonato”.
João Lotto, 77 anos. Filou-se em 1958, antes mesmo de ser fundado
“No início,ninguém queria ser presidente. Uma vez a eleição ia ser numa segunda-feira. Lembro que na quinta ou sexta-feira anterior, fomos jantar em uma pizzaria quando me falaram: você vai continuar presidente. Nem teve eleição. Naquela época, ninguém nem quis concorrer”.
Alfredo Todesco, ex-presidente do Mesc